Thursday, July 26, 2007

Blog de molho

Porque a vida lá fora esta muito livable.
Quando a vida começa a pedir "corre para dentro de mim"
não há como dizer que não.
Avança-se.
Então a malta encontra-se noutro momento propicio para vertigens.
Atrevo-me a deixar um lírio no meu lugar.

Wednesday, July 11, 2007

Roteiros...





Foi num dia que já se perdeu. Estava a estrada cheia de pó, o pó cheio de jipes e a velocidade cheia de um mato com tanques de guerra podres. Maria Mateus e Ana Candeias viajavam dentro de tudo aquilo, enfrentando o dia inteiro com vontade de sair dos buracos de Luanda. Tinham um CD de batida no carro e aos goles sorviam uma cervejinha bem gelada. Nem conversavam de tanto espanto. Ali na última curva da cidade, depois de passarem pelo musseque deixando para trás o trânsito engarrafado, começava-se a ver, um verde mesmo com nome de verde, espalhar-se de tal maneira pelo terreno que comia as vistas. Vinha tão repentino que, se a pessoa não estivesse preparada como era o caso, perdia o fôlego. Era um chicote de verde bonito. Uma eternidade depois, quando se conseguia assobiar o ar do peito, este perdia-se por todo aquele horizonte comprido que ia para lá do longe.

As miúdas estavam parvas de sossego. Um ano de Luanda para finalmente meter a mão em Angola. Angola ali a meia hora da cidade afinal. A emoção foi tanta, que não importou aqueles carros queimados na beira da estrada, a guerra abandonada sempre à vista, nada disso incomodou a beleza do lugar. Só viam montes, pássaros, e silencio. Até o jipe sentia-se estúpido por andar numa estrada tão larga, ameaçando uns cento e vinte cortando a recta de alcatrão liso, sem achar nem um buraquinho para solavancos.

Há coisas na vida que só se aprecia de peito aberto. Pensava Karina para com os seus óculos escuros. Esse era o dia do sempre em frente. Na hora da fome, parcaram os carros na berma de umas barracas de peixe. As donas vendiam tudo a sol aberto, peixinho da barra pescado na hora, feito na brasa de um toldo, com feijão com óleo de palma e outras iguarias. Aquele cacuço me desceu bem, tão bem, que aguentei com o wisky cortado do aperitivo. Olhei para o puto e sorri. Pedi-lhe:

«Diz na tua mãe que eu quero aquela lagosta também.»

Era emoção na vista, emoção no estômago, emoção por todo o lado caindo aos jorros.

«Ricardo, acho melhor não comeres muito os picantes e os molhos…»

«Qual quê! Isto é tudo limpo Simone, não é como em Luanda, esta tudo à vista, sacam do mar metem na grelha, levam ao prato.»

«Menos os molhos e os picantes Neusinha, menos isso.»

«Esquece lá isso por hoje. Saímos para o que é da terra ou não? Se não, íamos ao restaurante do pequeno Jango, não é?»

Tirou-se ainda um bailarico dos pés, riu-se um bocado, e deu para uns mergulhos no mar. Um mar pesado, cheio de negro no fundo, com cor de barro na superfície e tufos de areia junto ás rochas. Local onde se chegava a pique, numa descida melindrosa de jipes com massa muscular para aquilo. Um deslize e podíamos ficar ali mesmo…Mas quem tinha medo? Ninguém! O Manuel era o homem dos ralis por Portugal, alucinado com aquelas escarpas, e terrenos baldios que experimentar a máquina. Os rapazes todos repentinamente tinham-se transformado em campeões de corta-mato, e bem, há sempre um dia para se morrer, tanto poderia ser esse como outro qualquer.
Pensei nisso três vezes, depois decidi ir a pé até lá abaixo.

O retorno fez-se de corpo mole, cheio de vontade de um bom sofá. A entrada de Luanda fazia-se impossível, mas cheirava bem, a tubo de escape, a ruído, a som de Kuduros sob ultrapassagens impensáveis. Um ritmo anímico da cidade que nos era tão familiar que já o sentíamos de olhos fechados. Lembrávamo-nos de todos os buracos que esquivar, dos rituais que seguir, e isso jogou com o sorriso de quem já é da sua pedra.

No fim das dez da noite, já dentro de casa, de jantar na mesa, banho tomado, conversas sobre o dia aquecidas, a barriga baixou, e foi só cagar. Éramos doze, cada um na sua pia, a jogar fora as comezainas da barraca da dona Justina. E todos sabíamos que não era do peixe, nem era do wisky, porque eu era a única que não cagava e apenas assistia. Recebia os telefonemas, fazia-os, dava concelhos sobre chás, relinchando que nem um cavalo, coisa feia e pouco amiga. Mas também o são os gozos de "que tens a manias das doenças e és acagaçada de aventuras".

O Cacuço da mamã Justina, o melhor de Angola, e quiçá até do mundo, vale tudo, e seus molhos limpam até o organismo.


Os pés de Nina Simone

Tuesday, July 10, 2007

US

I’m with my night in my soul and it feels gigantic!
Nina diz-me: Baby it feels like cotton.
Mesmo Simone consegue a essas horas sussurrar uma prece: Some hours are unbreakable! You can only scent them melt on the tip of your tongue.
Silveira sente o peito revolucionado pela acalmia, estranha apenas ligeiramente, e apenas por um minuto, sossega. Diz-nos: Fodas caralho, manias de Franciu com essas estrangeirices de rabo! (Mas é terno…)
My whole world today is sweet like honey.
(Us)

No meio da população de egos

Quando era muito pequenina, tinha um frango de capoeira da minha avó, que sabia segredos inconfessáveis, chamava-se Otília.
Depois havia umas goiabas muito cheias de suco que gozavam com a saliva da boca. Caíam podres no chão e as galinhas comiam de tanto boas que eram.
O filho do senhor Djidjita, pediu-me namoro atrás da igreja e eu atirei-lhe com uma pedra. Ficou vermelho e fugiu. No dia a seguir ofereceu-me uma flor e já fui eu que fugi, levando-a para dentro do meu caderno. E nunca mais lhe falei. De vergonha.
Quando era muito miudinha, tinha um coração cheio de açúcares, e a cara penteada de rubores. E a minha avó oferecia-me pão com marmelada.

(Nina)

Ontem ia no carro, passou um senhor idoso de boca grossa, a rotunda circulava sem parar, e as buzinas faziam-se ouvir, o sol batia no vidro e eu estava certa de ainda ter pela frente muitas revoluções.
Os caminhos estendem-se à frente da pessoa, como mapas de abandonos, e não há tempo para filosofias de escolhas, é para a Sibéria, ou para o Da fundo? Perguntam-me.
Nem uma coisa nem outra, respondo… é para o cagaço.
Ou afinal, não estou de férias? Querem ver?

(Simone)

Ali no Cintilante bebem-se umas bejecas muito fresquinhas, come-se umas sandochas maneirinhas, e tá-se com os amigos um par de horas a falar da bola e da estrada. As horas de estrada que tenho no lombo não se fiam em botões, um homem lá porque vem do alcatrão, também tem seus pensamentos. Do alto da minha Alzira, corro terras mas olho para muito céu de noite, e muitas manhãs com cor tão redonda que parecem laranjas da horta da minha mãe. Bonitas.
Vida é luta, ela vem, olhas bem na sua cara e começas-lha dar. Se lhe viras as costas ela ganha assento mesmo em cima do teu cachaço e nunca mais sai. É pior que aos carrapatos, cola, e depois a pessoa sem dar por isso, vai-se acorcundando, acorcundando, e um dia fica mais achatado do que o chão. É só pena. Dos outros. E esperar seu dia de morrer. Já que a senhora dona tua mãe te pariu e estas aqui…mais vale viver porra! Agora finiquitos, porque estas a pensar se o céu está lá desde quando, remóis as noções de mundo, de filosofias…epá Simone…vai dormir! Descansa a mona, que amanhã é dia.

(Silveira)

Sunday, July 08, 2007

Correntes

As correntes não são feitas para laçar, são material de morder.
Graças a deus, e ao meu cão de guarda, rasgo tudo o que me amordaça.
Afinal apenas tenho perguntas a fazer ao Cosmos e respostas a dar... ao pó.

Simone.

Saturday, July 07, 2007

sometimes...

You just need to be a little bit of a true freak e a vida toma bordajadas de ânimo.

Thursday, July 05, 2007

Uma rua não é uma rua...é um segredo


Perdi muitas vezes nessa rua o passo...e o fôlego...e talvez, como a poeira antiga no traçado das ruinas tenha sido nessa esquina de mundo, uma pessoa antiga, despojada, sem mais do que um calção e um par de chinelos velhos.

Na esquina havia uma mulher que tinha uma barraca azul e vendia ovo cozido. Por vezes estava acordada.
Nina keeps breathing

Um dia peguei nos cães e fui à praia sozinha


Um dia peguei nos cães e fui à praia…sozinha. Os cães não eram meus mas não importava, eram cães que me compreendiam o sossego. Estavam para ali jogados como bocados de preguiça ao sol da tarde, o quintal inteiro dormindo, mesmo os pássaros pareciam cair das árvores na molenguice do calor. Olhei o Tchiué, o rafeiro menor e perguntei com a cabeça:
«Anda daí?»
Qualquer lugar no mundo não é mais do que um lugar para encher. Eu e os cães do quintal do Moanza sabíamos disso.
……….
Depois vi, o rapaz da maquineta de fotos que gostava de mim e me seguiu.
………
Por vezes quero, que os instantes, não saiam dali, nem se mexam, um momento breve pode ser tão completo que não precisamos de mais nada.
………
E a Literatura é isso, calçar os momentos e deixar-se ir, para lá dos nomes.

Nina...breathing


Tuesday, July 03, 2007

Neste momento está a chover na minha mona

Sinto que neste momento está a chover na minha mona, vou para dentro para não me molhar, ter um tecto sob a cabeça é fixe, o pensamento não molha tanto, e depois também, não ganha humidade, nem bolor, fica só assim fresquinho.

Com o pensamento fresco brisas de ideias sopram por perto, fico feliz, e sem pé, como gosto.

O que me lixa nos blogs

É ter de aprender a fazê-los, assim, meter amigos e conhecidos fixes na berma da pagina, linkar cenas, meter cores...não tenho pachorra para coisas muito inteligentes, haviam de fazer essas cenas mais simpáticas para com gajas brutas que nem o cimento.

Há por aí algum gajo simpático que faça de arrumador, ou alguma miuda porreira que entende de linguagem html que me estique a mão?

Devo dizer que se aparecer alguma miuda que perceba disso...vou desconfiar que tem um pénis incrustrado.

...

Preocupações da peta

Por vezes fico preocupada por dizer porra…quer dizer, dizer não digo, é mais escrever coisas muito porra. Penso «Epá Nina, estás cada dia, menos fina. Olha que já foste uma miúda de classe» depois acontece…

Saio à rua, vejo arrotos, peidos, dentes podres, e volto para casa contaminada e feliz.

Alguma coisa em mim esta mais virado para o putrefacto do que para finiquitos de claridades

Há por aí tantos putos a marrar...

Pois...passei pela biblioteca, pelo sossego, por um trabalho...e vi muitos putos a marrarem...mesmo muitos, e quando se juntam em bibliotecas o sossego passa a ter ruido de fundo, pode ser agradável se a pessoa nesse dia não se levantou muito irritada, o que era o caso. Lá fora, miudas e miudos giros a rapparem sons de gangster...

Pensei...gangster que é gansgta mesmo, agora com essa proliferação de moda "bambo" (tudo a cair, calça, cueca, cabelo...), deve estar bem lixado. O seu ar de "mother fucker" foi à vida!

Very Nina today